Centenas de activistas iranianos condenaram o uso alarmante da pena de morte por Teerão – depois de uma coligação de grupos dissidentes ter relatado que 280 pessoas, incluindo crianças, foram enforcadas só em Outubro.
O número recorde é o dobro do mesmo período de 2024, e um número de mortos não visto há três décadas. Entre os enforcados em Outubro estavam 36 mulheres e seis crianças, observou o Conselho Nacional de Resistência do Irão – e nos sete meses de Março a Outubro deste ano, um recorde de 1.135 pessoas foram executadas por Teerão.
A República Islâmica está a “transformar as execuções numa ferramenta de controlo e repressão com uma intensidade sem precedentes”, refere um comunicado divulgado na sexta-feira por 800 activistas iranianos, incluindo prisioneiros políticos.
O aumento é uma prova do “colapso moral e jurídico do poder judicial e do seu flagrante desrespeito pela dignidade humana”, acrescentou.
A contagem de corpos de outubro representa um enforcamento a cada duas horas e meia, observou NCRIquem divulgou os números.
“A escala destas execuções criminais, especialmente no século XXI, quando a maioria dos países aboliu a pena de morte, fere a consciência da humanidade contemporânea”, disse Maryam Rajavi, a presidente eleita da coligação.
“Com este derramamento de sangue sem precedentes e a criação de uma atmosfera de terror, Khamenei tenta inutilmente impedir a formação de uma revolta popular”, acrescentou ela, referindo-se ao líder supremo do regime, o aiatolá Ali Khamenei.
Grupos de direitos humanos soaram o alarme nos últimos meses devido ao silenciamento da dissidência e ao aumento das execuções num contexto de crescente frustração civil com o aumento da inflação e a escassez de bens básicos, como energia e água.
O Irã declarou falência de um de seus maiores bancos privados, o Ayandeh Bank, na sexta-feira e confiscou seus ativos depois de acumular dívidas de US$ 2,9 bilhões, enquanto muitos clientes em pânico eram vistos em filas do lado de fora das agências no sábado.
As Nações Unidas também reimpuseram recentemente sanções económicas “snapback” a Teerão, depois de o seu órgão de vigilância nuclear, a Agência Internacional de Energia Atómica, ter descoberto em Junho que o país violava o pacto de não proliferação nuclear de 2015.
Anistia Internacional instou a comunidade internacional a intervir no início deste mês, dizendo que muitas execuções se seguiram a “julgamentos grosseiramente injustos realizados à porta fechada, no meio de padrões generalizados de tortura e confissões coagidas”.
“Os Estados-membros da ONU devem confrontar a chocante série de execuções das autoridades iranianas com a urgência que isso exige”, afirmou a organização num comunicado.
A Amnistia Internacional estima mais de 1.000 execuções no Irão este ano.



