As ligações entre os diferentes níveis de exercício, o género e a forma como o corpo regula a fome são temas de interesse crescente. A grelina, muitas vezes chamada de “hormônio da fome”, vem em duas formas: grelina acilada e grelina desacilada, que desempenham papéis diferentes no controle do apetite. A grelina acilada é a forma ativa que causa aumento da fome, enquanto a grelina desacilada tem efeitos mais complexos e menos compreendidos. A Dra. Kara Anderson, da Universidade da Virgínia, e sua equipe conduziram recentemente um estudo que examinou como a intensidade do exercício e o gênero afetam a grelina e a fome em adultos inativos. Suas descobertas foram publicadas no Journal of the Endocrine Society.
Os pesquisadores recrutaram um grupo de homens e mulheres não fumantes, cujo peso era estável e dentro de uma faixa de peso saudável. Os participantes passaram por três sessões de treinamento diferentes: uma sem exercício, uma com ciclismo moderado e outra com ciclismo de alta intensidade. Amostras de sangue foram analisadas para medir os níveis de grelina, um método que revela alterações hormonais no sangue, e pesquisas de fome foram usadas para monitorar a sensação de apetite durante e após cada tratamento. As mulheres tinham níveis basais mais elevados de grelina acilada e grelina desacilada em comparação com os homens, o que é consistente com pesquisas anteriores que sugerem que hormonas como o estrogénio podem desempenhar um papel no aumento destes níveis.
Os cientistas descobriram que o exercício de alta intensidade reduziu significativamente ambos os tipos de grelina em homens e mulheres. O exercício de alta intensidade, definido como atividade que aumenta substancialmente a frequência cardíaca e a respiração, parece ter um efeito mais forte. “Esta diminuição foi particularmente pronunciada nas mulheres, sugerindo que o género pode influenciar a resposta do corpo ao exercício extenuante”, comentou o Dr. Anderson. O exercício de intensidade moderada que envolve esforço moderado mas sustentável, como caminhada rápida ou ciclismo leve, pode aumentar a sensação de fome, mas o exercício de alta intensidade parece controlar melhor esta sensação, especialmente nas mulheres.
Surpreendentemente, o exercício de alta intensidade foi mais eficaz do que o exercício de intensidade moderada na redução de uma forma específica de grelina que está intimamente ligada à fome. Como explica o Dr. Anderson: “Nossas descobertas destacam o potencial do exercício de alta intensidade como um método eficaz de controle do apetite, que pode trazer benefícios significativos para estratégias de controle de peso”. Isto sugere que, além de simplesmente queimar calorias, a intensidade do exercício afeta os sinais hormonais que regulam a fome.
O estudo revela uma interação complexa entre exercício, fome e hormônios relacionados à fome no corpo. Os hormônios são mensageiros químicos que viajam pelo sangue para regular vários processos, incluindo o apetite. Destaca a importância de adaptar os programas de exercício às necessidades individuais, especialmente quando se aborda o controlo do peso ou questões relacionadas com a fome.
Referência do diário
Anderson, KC, Mardian, T., Stephenson, B., Grammer, EE, Stahl, ME, Weeldreyer, NR, Liu, Z., Love, KM, Kranz, S., Allen, JD, & Weltman, A. (2024). “Efeitos da intensidade do exercício e do gênero nos níveis de grelina endógena e no apetite em humanos saudáveis.” Jornal da Sociedade Endócrina. Número digital: https://doi.org/10.1210/jendso/bvae165
Sobre o autor
Dra. é um renomado pesquisador e acadêmico especializado em fisiologia do exercício e seu impacto na saúde hormonal e metabólica. Ela é pesquisadora na Universidade da Virgínia, onde seu trabalho se concentra na exploração das complexas relações entre atividade física, hormônios e regulação do apetite. Anderson tem um grande interesse em como a intensidade do exercício afeta os principais hormônios reguladores da fome e forneceu informações valiosas sobre o papel da grelina acilada e desacilada na fisiologia humana. Sua pesquisa visa informar estratégias de controle de peso e otimização da saúde por meio de intervenções de exercícios personalizadas.
A Dra. Anderson possui formação avançada em cinesiologia e medicina, proporcionando-lhe uma compreensão abrangente do movimento humano e seus efeitos fisiológicos. Ela também trabalha para orientar cientistas emergentes e promover colaborações interdisciplinares para avançar na pesquisa em saúde e condicionamento físico. Seu trabalho preenche a lacuna entre a teoria acadêmica e a aplicação prática para ajudar os indivíduos a alcançar estilos de vida mais saudáveis.



