Um estudo recente revelou um aumento preocupante nos incidentes de abate de ouriços europeus na Alemanha, destacando o impacto da actividade humana nesta espécie já em declínio. O estudo, liderado pela Dra. Anne Berger, do Instituto Leibniz de Pesquisa em Zoológicos e Vida Selvagem, coletou dados sobre ouriços que sofreram cortes durante um período de 16 meses em centros de cuidados em toda a Alemanha. As descobertas revelam ameaças significativas às populações de ouriços, principalmente provenientes de equipamentos de manutenção de jardins, especialmente cortadores de grama robóticos.
A Dra. Berger e sua equipe coletaram informações sobre cortes de um grande número de ouriços relatados em vários centros de atendimento. O estudo, publicado na revista Animals, mostrou que a maioria dos ouriços foi descoberta mais de meio dia após serem feridos, e quase metade deles não sobreviveu devido à gravidade dos ferimentos. Destacando a gravidade desses ferimentos, o Dr. Berger disse: “Os cortes causados por equipamentos de manutenção de jardins representam um risco fatal adicional para esta espécie de vida selvagem protegida em declínio”.
Os dados coletados neste estudo são fundamentais para a compreensão da extensão e das características dessas lesões. A pesquisa descobriu que os cortes estão se tornando cada vez mais comuns, com o número de casos aumentando significativamente ano após ano. A maioria das lesões ocorre durante o período ativo dos ouriços, no final da primavera e início do verão, que coincide com o aumento da atividade humana nos jardins. Embora os dados sugiram que há mais lesões nos fins de semana e terças-feiras, as diferenças não são estatisticamente significativas.
Os cortadores de grama robóticos surgem como uma causa significativa dessas lesões. Ao contrário de outras ferramentas de jardinagem, esses dispositivos podem ser usados a qualquer hora, inclusive à noite e nos fins de semana, quando os ouriços estão mais ativos. A pesquisa mostra que muitos ouriços sofrem ferimentos graves causados por essas máquinas, resultando em dor e sofrimento a longo prazo. Este problema exige soluções técnicas ou políticas imediatas, como a proibição da utilização de cortadores de relva robóticos à noite.
Dr. Berger observou que a taxa de mortalidade entre os ouriços feridos era alta, com um grande número de ouriços sendo sacrificados e muitos morrendo durante o tratamento. “O grande número de ouriços feridos por cortes representa um enorme fardo para os centros de cuidados, exigindo cuidados e tratamento acima da média”, disse o Dr. Berger. A maioria dos ouriços feridos eram adultos, e estudos também relataram casos de filhotes de pássaros feridos devido a danos nos ninhos.
O estudo destaca a necessidade de ações urgentes para proteger os ouriços dos equipamentos de manutenção de jardins. As descobertas sublinham a importância de tomar medidas para prevenir tais danos e melhorar as hipóteses de sobrevivência desta espécie em declínio. O Dr. Berger concluiu: “Existem preocupações consideráveis sobre o bem-estar dos animais e alternativas que não causem este sofrimento devem ser implementadas imediatamente”.
A pesquisa da Dra. Berger e de sua equipe fornece informações valiosas sobre a ocorrência e as características das feridas dos ouriços, estabelecendo as bases para futuros esforços de conservação. Os dados abrangentes recolhidos por este estudo ajudarão a desenvolver estratégias para mitigar o impacto das atividades humanas nas populações de ouriços e garantir a sua sobrevivência.
Referência do diário
Berger, Ana. “Ocorrência e características de cortes de ouriços na Alemanha: um estudo de caso.” Animais, 2024, 14, 57. DOI: https://doi.org/10.3390/ani14010057
Sobre o autor
Dra. é ecologista comportamental no Instituto Leibniz de Pesquisa em Zoológicos e Vida Selvagem (IZW) em Berlim. Sua jornada acadêmica começou como tratadora no Zoológico de Berlim (1987-1988), seguida de estudos de biologia na Universidade Humboldt. Ela completou seu doutorado em ecologia comportamental em 1999, com foco na cronobiologia dos cavalos de Przewalski e veados vermelhos. Ela trabalha como pesquisadora no IZW desde 2000 e como cientista visitante na SLU em Umea, Suécia, de 2008 a 2010. Sua pesquisa abrange ecologia comportamental, cronobiologia, vida selvagem urbana, bem-estar animal e detecção de estresse. Ela também co-editou uma edição especial sobre conservação aplicada de ouriços.



