A semana terminou com movimentos mais cautelosos nos ativos argentinos, num ambiente de fatores externos, impulsionados pela menor atividade doméstica através de um feriado facultativo e pelas expectativas sobre a evolução do financiamento internacional.
Por Pedro Chávez Atia
Para Diário Panorama
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Títulos em Dólar: Depreciação Moderada e Ajuste ao Risco País
A dívida soberana em dólares fortes registou uma queda de uma semana, após uma forte recuperação pós-eleitoral. Na última rodada, os globais caíram entre 0,2% e 0,9% com maior impacto no GD35 e GD46. Com esse desempenho, o preço médio por ativo encerrou a semana em US$ 73,4, representando queda acumulada de 1,3%.
O ajustamento reflectiu-se também no risco país, que aumentou 5% para 651 pontos base, embora bem abaixo dos níveis anteriores às eleições intercalares. A recente descida dos spreads está a ser interpretada como um sinal positivo relativamente ao acesso ao mercado de dívida voluntária no futuro, especialmente se o Orçamento 2026 for aprovado e as reformas laborais e fiscais forem consolidadas.
Paralelamente, o financiamento internacional foi discutido como parte do enfoque de mercado. A decisão de alguns bancos globais de não avançar com um megaempréstimo de 20 mil milhões de dólares ganhou as manchetes, mas não alterou materialmente a leitura subjacente. O foco está agora num novo acordo de recompra de cerca de 4,5 mil milhões de dólares, destinado a cobrir os vencimentos de Janeiro. No novo cenário político e com spreads mais comprimidos, os empréstimos ponte curtos parecem mais razoáveis e estáveis, com retorno esperado aos mercados internacionais no primeiro trimestre de 2026.
Ações: semana negativa após outubro excepcional
O mercado acionário local teve uma semana de correções após o desempenho extraordinário de outubro. Na última rodada, o Merval, medido em dólares, caiu 3,9%, para US$ 1.837, marcando uma queda de 9% na semana.
Em pesos, o S&P Merval caiu 3,1%, para 2.761.614 unidades, marcando seu nível mais baixo desde 28 de outubro. A rodada de sexta-feira foi acompanhada por uma atividade reduzida devido ao feriado opcional, que limitou a liquidez e dispersou alguns movimentos.
Em Nova York, os ADRs da Argentina também tiveram desempenho inferior. As quedas mais significativas foram Edenor (-5,38%), BBVA (-5,36%) e Grupo Galicia (-4,73).
Contudo, o equilíbrio a curto prazo permanece favorável: após as eleições legislativas, Merwal continuará a superar os níveis anteriores às eleições e a inverter a tendência que começou há semanas.
Mercado de câmbio: Ciclo sem novidades devido ao feriado, mas pressão sobre os financiadores
Devido a um feriado local, a taxa de câmbio oficial permanece inalterada. O spot terminou em US$ 1.403 e o A3500 em US$ 1.405, inalterado em relação a quinta-feira.
Em contrapartida, os dólares financeiros apresentaram movimentos típicos do ciclo com baixo volume. CCL Senebi avançou 1,3% para fechar em US$ 1.510, enquanto outros segmentos permaneceram estáveis ou com pequenos ajustes.
Fatores Internacionais: Impacto nos Ativos em Desenvolvimento
A nível global, a semana foi marcada pela incerteza associada à redução das linhas de apoio bancário internacional. A decisão de muitas empresas de interromper o financiamento em grande escala criou um contexto menos favorável para os ativos emergentes, o que também se reflete nas ações argentinas.
Política Monetária e Exigências de Reservas: BCRA avançará em seu esquema de normalização
No meio de uma revisão da liquidez, o banco central anunciou mais um corte nas reservas mínimas para instituições financeiras a partir de Dezembro. Após o aperto pré-eleitoral, o objectivo é impulsionar o crédito e apoiar a recuperação económica.
A medida foi bem recebida pelo mercado, pois ajudou a estabilizar as taxas de curto prazo e a proporcionar previsibilidade ao processo de normalização monetária.
Fechamento Semanal: Correções são esperadas em um mercado estável
O balanço geral mostra uma semana de ajustes, mas ainda apresenta tendência sólida. Os títulos caíram após semanas de fortes ganhos, Merval corrigiu após um outubro histórico e o mercado cambial moveu-se calmamente em meio à redução da atividade.
Mesmo com estas quedas, os níveis actuais mostram que o mercado continua a reconhecer uma mudança nas expectativas após as eleições legislativas. Com o foco no financiamento internacional, no orçamento para 2026 e na evolução do contexto global, os investidores permanecem expectantes, mas mais construtivos do que o observado há meses.
Os mercados argentinos estão fechados na segunda-feira devido ao Dia da Soberania Nacional, portanto a próxima rodada será na terça-feira.
Pedro Chavez Atia 2057 – Comissão Nacional de Valores (CNV) – República Argentina.
Isenção de responsabilidade: O objetivo deste documento é fornecer informações gerais ao seu destinatário e não constitui de forma alguma uma oferta, convite ou recomendação para compra ou venda dos valores mobiliários negociáveis e/ou instrumentos financeiros nele mencionados.
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