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Por que a doença de Alzheimer afeta as mulheres mais gravemente do que os homens

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A doença de Alzheimer é a principal causa de demência em adultos mais velhos e é causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Muitas localizações genéticas foram identificadas como factores que afectam o risco, mas uma parte importante do genoma foi largamente excluída da investigação: o cromossoma X. Este cromossomo, juntamente com o cromossomo Y, determina o sexo biológico, que difere entre homens e mulheres porque os homens têm um cromossomo X e as mulheres têm dois, um dos quais geralmente é inativo. Esta diferença afeta a forma como os genes são expressos e leva a diferenças nas manifestações da doença. Ao investigar esta área pouco estudada, os cientistas pretendem completar um mapa genético da doença de Alzheimer e descobrir novas formas de compreender, diagnosticar e tratar a doença.

Céline Bellenguez, do Instituto Pasteur de Lille, e colegas de várias instituições europeias conduziram uma das investigações mais detalhadas nesta área. O estudo, publicado na revista Molecular Psychiatry, destaca como certas regiões do cromossoma X influenciam o risco da doença de Alzheimer, fornecendo novos conhecimentos sobre esta doença complexa.

O estudo envolveu um número muito grande de participantes, permitindo um exame minucioso. “O cromossomo X representa cerca de 5% do genoma humano, mas seu papel na doença de Alzheimer tem sido amplamente ignorado”, disse o Dr. Bellenguez. Os investigadores utilizaram técnicas estatísticas avançadas – ferramentas matemáticas que identificam padrões em dados complexos – para explorar as características únicas do cromossoma X, como a forma como é expresso de forma diferente em homens e mulheres. Apesar das dificuldades, identificaram diversas áreas de interesse que podem estar relacionadas ao risco da doença de Alzheimer.

As suas descobertas revelam regiões-chave no cromossoma X que podem estar ligadas à probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer. Embora não tenham encontrado um fator de risco genético conclusivo, o estudo identificou regiões importantes em genes como FMPD4 e DMD, incluindo variantes de DNA ou pequenas alterações. Sabe-se que estes genes desempenham um papel na função cerebral e nos processos cognitivos envolvidos no pensamento, na memória e na tomada de decisões, que são essenciais para a compreensão de como as doenças neurodegenerativas se desenvolvem. Também foram observadas alterações raras em genes como WNK3 e DACH2, destacando a necessidade de mais pesquisas nestas áreas.

A equipe enfatizou a importância do estudo devido à sua abordagem cuidadosa. Ao contrário dos estudos genéticos anteriores, que muitas vezes excluíam o cromossoma X devido à sua natureza complexa, este trabalho incluiu-o e utilizou métodos especializados – concebidos especificamente para a biologia única do cromossoma X – para abordar as suas características únicas. Isto representa um passo em frente na compreensão do panorama genético completo da doença de Alzheimer.

A equipe do Dr. Berengues acredita que essas descobertas podem levar a melhores maneiras de diagnosticar e tratar a doença de Alzheimer. Eles enfatizam a importância da realização de estudos maiores e mais detalhados para investigar melhor a estrutura genética do cromossomo X. Como explica o Dr. Bellenguez, “Este estudo marca o início de novas pesquisas sobre como o cromossomo X afeta o desenvolvimento da doença de Alzheimer e as diferenças entre homens e mulheres”. As diferentes formas como a doença de Alzheimer se manifesta em homens e mulheres exploradas neste estudo podem desencadear uma discussão mais ampla sobre a importância da medicina personalizada e dos tratamentos que visam as diferenças genéticas e biológicas individuais.

O trabalho também esclarece por que as mulheres são mais suscetíveis à doença de Alzheimer, uma disparidade que intriga os investigadores há décadas. Ao examinar as contribuições genéticas associadas ao cromossoma X, o estudo não só revela novas áreas de investigação, mas também aumenta a esperança para o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico e estratégias terapêuticas mais eficazes para resolver este desequilíbrio.

As descobertas encorajam os cientistas a repensar opiniões de longa data sobre a doença de Alzheimer e as suas causas. Ao incorporar a revelação do papel potencial do cromossoma X proporciona uma sensação de descoberta e inovação, destacando a importância de integrar aspectos anteriormente negligenciados na investigação da doença de Alzheimer.

Referência do diário

Le Borgne J., Gomez L., Heikkinen S., Amin N., Ahmad S., Choi SH, et al. “Estudo de associação de todo o cromossomo X na doença de Alzheimer.” Psiquiatria Molecular, 2024. doi: https://doi.org/10.1038/s41380-024-02838-5

Sobre o autor

Dra. Celine Berengues é um pesquisador conhecido no campo da neurogenética, com foco na descoberta dos mecanismos genéticos da doença de Alzheimer e doenças neurodegenerativas relacionadas. Baseada na Europa, ela explora como a variação genética afeta a suscetibilidade a doenças, com o objetivo de preencher a lacuna entre a genética básica e as aplicações clínicas.
A pesquisa do Dr. Bellenguez é caracterizada pelo uso inovador de estudos genéticos em larga escala, incluindo estudos de associação genômica ampla, para identificar loci genéticos chave implicados em processos de doenças. O seu trabalho enfatiza frequentemente a importância de incorporar regiões genómicas negligenciadas, como o cromossoma X, para uma compreensão mais completa de doenças complexas.
Dr. Bellenguez é uma figura respeitada na área, trabalhando com equipes de pesquisa internacionais para ampliar os limites da pesquisa sobre Alzheimer. As suas contribuições abriram caminho para potenciais avanços em ferramentas de diagnóstico e estratégias de tratamento personalizadas, trazendo esperança a milhões de pessoas que vivem com doenças neurodegenerativas.

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